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O ENCONTRO COM O MEU EIXO

“O homem está condenado à liberdade...” (Trecho do livro O Mundo de Sofia).


A humanidade na atualidade está sofrendo uma grande epidemia, e a cada dia vai se alastrando: a dificuldade de expressar seus sentimentos por meio de movimentos espontâneos, e isso está refletindo nitidamente corporalmente nos seres humanos.

Estamos presos em nosso próprio corpo, criando e recriando tensões, reprimindo desta maneira qualquer manifestação corporal criativa. Certamente, isso está ocorrendo devido à fuga da própria realidade, ou seja, mascarando a verdade com atitudes robóticas e ilusórias. Isso não é à toa, tem um por que. E esse porque ao mesmo tempo em que é complexo é simples de se compreender. Não é mais fácil fingirmos que estamos felizes do que aceitarmos nosso ‘estado’ de infelicidade? Para aceitarmos o fato de que não estamos bem, exige esforço e disciplina, pois é nesse momento que a mudança começa a acontecer: a aceitação de que somos responsáveis pela nossa vida.

Isso eu constatei e continuo a detectar nas minhas práticas pedagógicas, tanto ensinando a dançar forró, como o yôga e o pilates, uma vez que essas atividades exigem a auto-expressão, e mostra na prática a individualidade de cada pessoa, tanto as suas facilidades e como as suas dificuldades.

De que forma encontrar o nosso eixo nessa sociedade capitalista que valoriza apenas o produto final e? Que padroniza as nossas expressões corporais? Que impõem uma massificação de posturas e comportamentos artificiais?

Tudo isso com certeza gera conflitos interiores que transparecem em nosso corpo uma vez que ele registra, denuncia e não mente.

Então, novamente a pergunta “como encontrar o meu eixo?” Eis uma questão tanto filosófica como prática. Esse encontro é real e não ilusório, mas é necessário compreender a sua impermanência. Como? Não somos seres humanos imutáveis, acabados, e sim, em eterna transformação e lapidações necessárias a esse ‘encontro’ com nós mesmos, que é dialético.

O corpo demonstra tudo isso, por meio de seus sinais: a postura, a fala, as doenças, enfim, ele é o próprio encontro com ele mesmo.

A partir do momento em que aceitarmos nossas dificuldades e limitações, nós mudaremos, ou seja, nós nos encontraremos.

Ao longo de 27 anos eu não havia encontrado o meu eixo depois de tantas procuras fragmentadas, ora no mundo externo, ora no mundo interno, e nunca nos dois lugares ao mesmo tempo. Então, depois de assimilar que o nosso corpo é o conjunto das relações internas e externas, me dei conta de que o meu ‘corpo’ era, é e sempre será o meu eixo, eu compreendi corporalmente tudo que havia estudado e pesquisado em toda minha formação acadêmica e pessoal.

Hoje, entendo que o nosso corpo é o nosso templo, a morada de nossa alma, um dos grandes ensinamentos que Buddha deixou para toda a humanidade, e que a Educação Física precisa colocar em prática, e deixar de ser adestradora de movimentos.

E, posso afirmar concretamente que estou vivendo esse ‘encontro’, tanto comigo mesma, como com meus alunos. Observando diariamente nas nossas práticas pedagógicas, suas dificuldade e seus avanços, cada um no seu tempo.



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